Corpo Rígido

Corpo rígido é toda a distribuição de massa tal que a distância [Graphics:../Images/temp_gr_187.gif]  entre dois pontos materiais se mantém constante .
Teorema de Chasles: O movimento mais geral de um corpo rígido pode sempre ser decomposto   numa rotação em torno de um eixo sobreposta a uma translacção paralela a esse eixo.

Os problemas interessantes são aqueles em que um ponto do corpo rígido está fixo, ou aqueles em que o movimento pode ser separável numa translacção do [Graphics:../Images/temp_gr_188.gif] e uma rotação em torno do [Graphics:../Images/temp_gr_189.gif] fixo. Em qualquer dos casos, a descrição do movimento do corpo com um ponto fixo (que se toma por origem)  implica que a distância de cada ponto material do corpo rígido à origem se mantém constante, [Graphics:../Images/temp_gr_190.gif] além de, entre dois pontos do corpo rígido, [Graphics:../Images/temp_gr_191.gif] A primeira condição implica que, para cada ponto [Graphics:../Images/temp_gr_192.gif] existe um vector [Graphics:../Images/temp_gr_193.gif], perpendicular a [Graphics:../Images/temp_gr_194.gif], tal que [Graphics:../Images/temp_gr_195.gif]. A segunda condição implica que

[Graphics:../Images/temp_gr_196.gif]

[Graphics:../Images/temp_gr_197.gif]

[Graphics:../Images/temp_gr_198.gif]

i.e. a diferença [Graphics:../Images/temp_gr_199.gif] é um vector do plano formado por [Graphics:../Images/temp_gr_200.gif] e [Graphics:../Images/temp_gr_201.gif], o que se exprime por

[Graphics:../Images/temp_gr_202.gif]

A única possibilidade compatível com o facto de que [Graphics:../Images/temp_gr_203.gif],  é que [Graphics:../Images/temp_gr_204.gif]  ou seja

[Graphics:../Images/temp_gr_205.gif]

Escolha-se [Graphics:../Images/temp_gr_206.gif] no corpo e três direcções ortogonais [Graphics:../Images/temp_gr_207.gif], de forma que [Graphics:../Images/temp_gr_208.gif], sejam ainda pontos do corpo rígido. Então qualquer ponto [Graphics:../Images/temp_gr_209.gif] do corpo verifica também [Graphics:../Images/temp_gr_210.gif] quando [Graphics:../Images/temp_gr_211.gif] e [Graphics:../Images/temp_gr_212.gif], i.e.

[Graphics:../Images/temp_gr_213.gif]

Assim [Graphics:../Images/temp_gr_214.gif], onde [Graphics:../Images/temp_gr_215.gif] não depende de [Graphics:../Images/temp_gr_216.gif].  Da condição [Graphics:../Images/temp_gr_217.gif]  deduz-se que [Graphics:../Images/temp_gr_218.gif]. Como [Graphics:../Images/temp_gr_219.gif] não depende da escolha de [Graphics:../Images/temp_gr_220.gif] nem das direcções [Graphics:../Images/temp_gr_221.gif], também [Graphics:../Images/temp_gr_222.gif] não pode depender, e podemos pôr [Graphics:../Images/temp_gr_223.gif].

Existe assim um vector único [Graphics:../Images/temp_gr_224.gif], designado a velocidade angular do corpo rígido, cuja componente ortogonal a [Graphics:../Images/temp_gr_225.gif] é o vector [Graphics:../Images/temp_gr_226.gif] para todos os pontos do corpo.

Todos os pontos de um corpo rígido, e todos os referenciais ligados a um corpo rígido, rodam com a mesma velocidade angular [Graphics:../Images/temp_gr_227.gif] (quando subtraída a translacção global) em torno dum eixo que passa pelo ponto fixo e é paralelo a [Graphics:../Images/temp_gr_228.gif].
O momento angular [Graphics:../Images/temp_gr_229.gif] de um corpo rígido que roda com um ponto fixo [Graphics:../Images/temp_gr_230.gif] na origem pode escrever-se
                     [Graphics:../Images/temp_gr_231.gif]
onde [Graphics:../Images/temp_gr_232.gif] é o tensor de inércia relativamente a um sistema de eixos fixo em [Graphics:../Images/temp_gr_233.gif]. Quando esse sistema de eixos é tal que [Graphics:../Images/temp_gr_234.gif] é diagonal, os eixos designam-se eixos principais de inércia relativamente ao ponto [Graphics:../Images/temp_gr_235.gif]. As direcções dos eixos principais de inércia são definidas pelos vectores próprios da matriz [Graphics:../Images/temp_gr_236.gif].
A energia cinética dum corpo rígido rodando com um ponto fixo [Graphics:../Images/temp_gr_237.gif] é [Graphics:../Images/temp_gr_238.gif]
Quando o corpo rígido roda com um ponto fixo [Graphics:../Images/temp_gr_239.gif] sujeito a um momento de força externo verifica-se
                                                                   [Graphics:../Images/temp_gr_240.gif]

[Graphics:../Images/temp_gr_241.gif]

Equações de Euler: Visto dum referencial [Graphics:../Images/temp_gr_242.gif] de eixos principais de inércia que rodam com o corpo estas equações são
                                                                  [Graphics:../Images/temp_gr_243.gif]
onde [Graphics:../Images/temp_gr_244.gif], [Graphics:../Images/temp_gr_245.gif] e [Graphics:../Images/temp_gr_246.gif].

Se um corpo rígido estiver inicialmente a rodar em torno de um eixo principal de inércia, então [Graphics:../Images/temp_gr_247.gif]  e o momento angular é paralelo a [Graphics:../Images/temp_gr_248.gif]. Frequentemente acontece que [Graphics:../Images/temp_gr_249.gif], (e.g. pião simétrico) e nessas alturas o momento angular é um vector de magnitude constante porque [Graphics:../Images/temp_gr_250.gif]. Existe então um vector [Graphics:../Images/temp_gr_251.gif], denominado velocidade angular de precessão, que define [Graphics:../Images/temp_gr_252.gif], e neste caso a variação do momento angular escreve-se
                                                                         [Graphics:../Images/temp_gr_253.gif]

O momento angular da bússola giroscópica em relação ao seu centro de massa ([Graphics:../Images/temp_gr_254.gif]) é sempre horizontal. As forças de flutuação exercem um binário [Graphics:../Images/temp_gr_255.gif] também horizontal, de forma que [Graphics:../Images/temp_gr_256.gif] é vertical e qualquer que seja a orientação inicial de [Graphics:../Images/temp_gr_257.gif], a precessão indicada por [Graphics:../Images/temp_gr_258.gif] roda o momento angular no sentido do Norte geográfico excepto se [Graphics:../Images/temp_gr_259.gif] estiver no equador a apontar para Norte, caso em que [Graphics:../Images/temp_gr_260.gif] e não há qualquer variação em [Graphics:../Images/temp_gr_261.gif].

Quando o corpo rígido roda com um ponto fixo [Graphics:../Images/temp_gr_262.gif] mas sujeito a um momento de força externo [Graphics:../Images/temp_gr_263.gif],  então usando a decomposição [Graphics:../Images/temp_gr_264.gif] podemos deduzir, do facto de [Graphics:../Images/temp_gr_265.gif] ser um ponto fixo do corpo rígido e [Graphics:../Images/temp_gr_266.gif], que existe um vector [Graphics:../Images/temp_gr_267.gif] tal que [Graphics:../Images/temp_gr_268.gif].

[Graphics:../Images/temp_gr_269.gif]  ⟹   [Graphics:../Images/temp_gr_270.gif]  ou seja:

[Graphics:../Images/temp_gr_271.gif]

Assim, um pião perde momento de spin se houver forças de atrito no ponto fixo porque [Graphics:../Images/temp_gr_272.gif] embora [Graphics:../Images/temp_gr_273.gif].

Visto dum referencial [Graphics:../Images/temp_gr_274.gif] que roda com a velocidade angular de precessão [Graphics:../Images/temp_gr_275.gif], o momento angular deve ser [Graphics:../Images/temp_gr_276.gif].  A sua variação temporal será  [Graphics:../Images/temp_gr_277.gif]

[Graphics:../Images/temp_gr_278.gif]


Converted by Mathematica      April 10, 2001